EUA querem aumentar suas tarifas de importação

Área: Fiscal Publicado em 17/06/2020 | Atualizado em 23/10/2023 Imagem coluna Foto: Divulgação
O governo de Donald Trump planeja anunciar nesta quarta-feira um plano para renegociar suas tarifas consolidadas nos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), que deverá afetar aliados como o Brasil e a Índia.

A expectativa é de que Roberto Lighthizer, o representante comercial americano, detalhe o plano para elevar as alíquotas no House Ways and Means Committee, um dos comitês mais poderosos do Congresso.

Não está claro se o objetivo é só de renegociar as tarifas consolidadas de importação americanas, ou seja, o nível máximo que Washington pode fixar pelos acordos da OMC, ou se o governo Trump quer uma ampla renegociação de tarifas em geral envolvendo os outros países.

A postura americana é defensiva. No fundo, a mensagem que pode partir da Casa Branca é de que as tarifas de importação americanas são muito baixas e não pode defender sua indústria. Para alguns observadores, Trump quer quase um tratamento diferenciado para os EUA.

A tarifa máxima consolidada dos EUA é de 3,4%, comparado a 51% na Índia e 31% no Brasil. Mas as alíquotas realmente aplicadas nesses emergentes são menores.

O governo Trump reclama há tempos que muitos países desenvolvidos e emergentes mantém tarifas muito elevadas, atingindo em cheio produtos americanos que entram em seus mercados. E que, ao mesmo tempo, os produtos dos outros países entram no mercado dos EUA com alíquota baixa.

Trump deve abrir assim uma nova frente de conflito com os parceiros na OMC. Tradicionalmente, quando um país altera seus compromissos tarifários na entidade, deve negociar e dar compensação a países que exportavam para os EUA com alíquota menor.

No entanto, ninguém acredita que Trump oferecerá compensação. Se os parceiros reclamarem, o governo Trump pode decidir estabelecer um novo conjunto de tarifas de importação, mais altas, de forma unilateral. Ou seja, seria mais ou menos como pavimentar um terreno para criar uma outra OMC, americana. Tudo isso causaria mais turbulências no comércio mundial.

Para certos negociadores, o plano americano pode atingir especialmente os países da Europa, que exportam muito para os EUA. O plano é considerado assim uma ameaça velada aos europeus, que resistem a negociar um acordo com os EUA.

A verdade, nota outro negociador, é que nem sempre decisões do governo Trump têm clareza. O presidente americano criou o hábito de ameaças e depois tenta encontrar uma forma de implementar seus planos.

Fonte: Portal Valor Econômico NULL Fonte: NULL