Custo oculto da reforma tributária ameaça o caixa das empresas

Área: Fiscal Publicado em 22/08/2025

Custo oculto da reforma tributária ameaça o caixa das empresas

A celebrada reforma tributária, que simplificará processos com a criação do IBS, CBS e Imposto Seletivo, impõe um robusto desafio financeiro às empresas: o custo da readequação. Este custo transcende o pagamento de impostos, abrangendo o ajuste de sistemas, a revisão de processos e a capacitação de equipes para as novas regras. A reestruturação operacional é premente, exigindo atualizações em ERPs, revisão do compliance fiscal e treinamento de profissionais do TI ao jurídico. Isso se traduz em investimento significativo. Para se ter uma ideia, estimativas da CNI indicam que os custos de transição podem consumir de 0,3% a 1% do faturamento anual das empresas, um valor considerável, especialmente para as de médio e grande porte com operações mais complexas.

Ainda assim, companhias de todos os tamanhos e segmentos precisarão de consultorias, mão de obra temporária e reforço em TI. Além disso, a demora na atualização aumentará os gastos, seja com a adequação dos processos, que encarecerão com a demanda, ou com multas por inconformidade. Custos indiretos com treinamentos e paradas para ajustes nos sistemas também impactarão a produtividade. O fluxo de caixa é outro ponto sensível, devido ao split payment, mecanismo que recolherá parte dos tributos diretamente na fonte. Na prática, o valor líquido em cada venda será menor, comprometendo o capital de giro e exigindo uma reestruturação do planejamento financeiro, o que pode gerar desequilíbrios, sobretudo nos primeiros meses.

O verdadeiro risco não é o desconhecimento das regras, mas a lentidão na adequação estratégica. As penalidades para quem não se planejar a tempo são severas, indo da perda de créditos e falhas de compliance a sanções legais. Até mesmo um levantamento do Ibef, SP revela um cenário preocupante: 70% das empresas nacionais ainda não iniciaram ou estão em fases iniciais de preparação.

Nesse contexto, soluções de inteligência fiscal são aliadas essenciais. Ferramentas personalizáveis automatizam cálculos, simulam cenários e mapeiam rapidamente as mudanças na legislação, transformando desafio em oportunidade. Elas permitem uma adaptação com menor retrabalho, custos operacionais e risco jurídico.

Além disso, a inteligência fiscal proporciona maior previsibilidade financeira ao aplicar automaticamente novas alíquotas e regras, evitando erros manuais. A atualização constante das bases de dados tributárias é crucial, visto que novas normas surgirão com frequência durante a transição.

Apesar dos desafios, a reforma tributária deve ser vista como uma chance de modernização. Investir em inteligência fiscal é uma estratégia para superar a transição com segurança e eficiência. Postergar essa decisão pode resultar em maiores custos de adaptação e perda de mercado para concorrentes mais ágeis. Em um cenário onde tempo é dinheiro, a antecipação é fundamental.

Fonte: Diário do Comércio