Ajuste fiscal terá de ser de até R$ 400 bilhões e durará até 2026, diz Mansueto

Área: Fiscal Publicado em 18/06/2020 | Atualizado em 23/10/2023 Imagem coluna Foto: Divulgação
A crise causada pela pandemia do novo coronavírus vai exigir que o Brasil promova um ajuste fiscal entre R$ 350 bilhões a R$ 400 bilhões nos próximos anos. Esse ajuste deve levar todo este mandato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e mais os quatro anos do próximo governo para ser feito. Essa é a avaliação do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Povo nesta quarta-feira (17) por videoconferência.

Parte desse ajuste, explicou o secretário, virá da própria recuperação da economia, com o governo recuperando parte da arrecadação que perdeu. Já a outra parte do ajuste terá necessariamente de ser feita atacando as despesas obrigatórias. Para isso, será necessário prosseguir com a agenda de reformas estruturantes, em especial a reforma administrativa.

Sobre o prazo para fazer esse ajuste, o secretário afirmou que o Brasil ganhou uma janela de dois a quatro anos de juros real mais baixo do que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo as projeções de mercado. Mas ressaltou que não há uma data limite para se aprovar todas as reformas, e que nem o governo Bolsonaro vai conseguir aprovar tudo em dois anos e meio.

“Não é um ajuste que precisa ser feito em um ou dois anos, é num ciclo de quatro, cinco e seis anos. Por isso que eu falo que o ajuste fiscal pega esse governo e o próximo”, disse. Ele afirmou, ainda, que os investidores já trabalham com esse cenário gradual de aprovação de reformas.

Para o secretário, o que não pode acontecer nos próximos meses é um retrocesso na agenda econômica, como mexer no teto de gastos (mecanismo que limita o crescimento das despesas à inflação) e na Constituição para gastar sem limite. “Seria um risco muito grande a gente discutir nesse momento mudança no teto de gastos, porque você estaria mexendo na única âncora fiscal que nós temos, que nos permitiu uma taxa Selic real abaixo do crescimento do PIB para os próximos quatro anos.”

Mansueto fica no cargo de secretário do Tesouro até o fim de julho. Ele pediu demissão neste mês ao ministro Paulo Guedes e deve seguir carreira na iniciativa privada, após o período de quarentena obrigatório. Seu sucessor será o economista Bruno Funchal, atual diretor de programas do Ministério da Economia e ex-secretário de Fazenda do Espírito Santo.

Fonte: Portal Gazeta do Povo NULL Fonte: NULL