Profissão contador tem probabilidade de automação estimada de 48,74%

Área: Contábil Publicado em 13/02/2019 | Atualizado em 23/10/2023 Imagem coluna Foto: Divulgação
Fonte: Jornal do Comercio

A automação de funções profissionais ameaça 54,37% das categorias profissionais brasileiras. O resultado está em estudo do Laboratório de Aprendizagem de Máquina em Finanças e Organizações (LAMFO) da Universidade de Brasília (UnB) que analisou 2.046 ocupações de um universo de 2.602 presentes na Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO) em todo o País.

A profissão "contador" tem probabilidade de automação estimada de 48,74% - média. De acordo com a pesquisa, analisando a descrição dessa ocupação na CBO, é possível identificar habilidades potencialmente fáceis de se automatizar, tais como "preencher formulários específicos inerentes à atividade da empresa" e "calcular índices econômicos e financeiros". Ao mesmo tempo, a profissão envolve tarefas de difícil automação, como "assessorar a gestão empresarial", "intermediar acordos com os sindicatos" e "demonstrar flexibilidade".

Por isso, as análises destacaram que a probabilidade de automação, nesse caso, não é, de fato, um valor mediano. Isso significa que há habilidades mais ou menos complexas intrínsecas à mesma classe de trabalho e outras que podem perfeitamente ser automatizadas. O coordenador da pesquisa e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da UnB, Pedro Henrique Melo Albuquerque, afirma que o resultado, ainda que assuste, está dentro do esperado pelo grupo de pesquisa e em consonância com os panoramas traçados no cenário internacional.

"O Brasil apresenta probabilidade de automação bastante parecida com a de países europeus, com os Estados Unidos e com vizinhos como Uruguai", destaca Albuquerque. De acordo com a pesquisa, desde 2016, o número de empregados para as CBOs caracterizadas como possuindo alto nível de automação aumenta ao longo dos anos. Caso a curva ascendente de profissionais dedicados a funções altamente substituíveis por novas tecnologia se concretize, cenários distintos surgem no horizonte dos trabalhadores. A projeção otimista é que as empresas continuem investindo em capital humano e empregando essa grande parcela da população.

A outra possibilidade, caso as empresas decidam por automatizar as profissões com alta chance de automação, é que aproximadamente 30 milhões de empregos sejam colocados em risco até 2026. "Esse cenário é o mais pessimista. Foi traçado levando em conta que nenhuma providência seja tomada. Porém, não pode ser descartado de maneira alguma, já que a automação é muito positiva para as empresas", avisa Albuquerque. Além de refletir sobre o grau de investimento em tecnologias, é necessário analisar como o mercado se comporta e como as políticas públicas irão encarar essa questão.

Por isso, o estudo realiza duas recomendações principais. A primeira sugestão é para a necessidade de políticas públicas que invistam prioritariamente nas atividades com demanda em potencial - aquelas que necessitam ser preenchidas por trabalhadores com habilidades de difícil automação.

"O desafio enfrentado pelo governo brasileiro em um futuro próximo está em lidar com esse cenário garantindo treinamento suficiente para os trabalhadores (principalmente os poucos qualificados) para atuar em outros ramos de atividades cujo nível de automação seja menor", aponta o relatório.

A segunda é que os resultados do trabalho inspirem as organizações a remodelarem a seleção de candidatos. "Será preciso buscar profissionais mais completos, reajustando as competências requeridas", pontua Pedro Henrique Melo Albuquerque. No caso da contabilidade, essa é uma adequação que as grandes empresas já começaram a realizar.

Há algum tempo, o mercado exige profissionais que não se satisfaçam apenas com o preenchimento das obrigações contábeis e a responder as exigências do Fisco. Ainda que o perfil já tenha começado a mudar, o temor às novas tecnologias persiste. Contudo, para o especialista no tema, Mauro Negruni, as novas ferramentas não irão conseguir substituir todo o trabalho do profissional contábil.

Pelo menos não em um futuro próximo. A saída é investir em qualificação e não resistir às novidades. Pelo contrário, aqueles que souberem lidar com automação, robôs, softwares modernos e usar tudo a seu favor são os mais fortes concorrentes a crescer. - Jornal do Comércio

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