Jurisprudência - Instrutor de yoga dispensado dias antes de sair de férias será indenizado Fonte: TST

Área: Pessoal Publicado em 13/10/2025

Fonte: TST

Para a 2ª Turma, a conduta do empregador foi considerada abuso de direito 

Resumo:

Uma empresa dispensou o empregado quando ele ia iniciar o período de férias. 

Ele entrou na Justiça alegando que teve de desmarcar diversos compromissos, além de ter seu direito frustrado.

Para a 2ª Turma, houve abuso de direito e violação da boa-fé que deve existir no contrato de trabalho. 

A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Administração Regional do Serviço Social do Comércio (Sesc) em Salvador (BA) a indenizar um instrutor de yoga por tê-lo dispensado dias antes do início de suas férias já agendadas. Para o colegiado, houve violação da boa-fé objetiva exigida na relação de emprego. 

Dispensa ocorreu cinco dias antes das férias 

O instrutor disse que trabalhou no Sesc por seis anos. Em 4/5/2019, ele recebeu o aviso de férias, que começariam em 3/6. Todavia, em 29/5, foi comunicado da demissão. Na ação trabalhista, ele argumentou que o recebimento do pedido de férias, a concordância com o período e a comunicação da concessão são incompatíveis com a dispensa em um período inferior a 30 dias. Com a medida, ele ficou frustrado e constrangido, porque teve de cancelar diversos compromissos. 

Em sua defesa, o Sesc alegou direito do empregador (direito potestativo) e questionou a falta de provas do dano moral sofrido pelo empregado.

O juízo de primeiro grau condenou o Sesc a pagar R$ 3 mil de indenização, mas a sentença foi reformada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (BA). Para o TRT, o aviso de férias não implica garantia de emprego. 

Dispensa afrontou a dignidade do trabalhador 

Segundo a ministra Maria Helena Mallmann, relatora do recurso do instrutor, embora a demissão seja um direito do empregador, exercê-lo neste contexto específico configura abuso de direito e violação da boa-fé objetiva. 

A ministra ressaltou que, ao conceder as férias e, logo em seguida, demitir o empregado, o Sesc frustrou a legítima expectativa de exercer um direito social de grande importância. A entidade também errou, segundo Mallmann, pelo comportamento contraditório, ao conceder o descanso e depois retirar o direito, gerando quebra de confiança. 

A decisão já transitou em julgado, ou seja, não cabe mais recurso.

Processo: RRAg-582-19.2019.5.05.0018