Artigo: A importância da Demonstração do Valor Adicionado – DVA
Publicado em 02/02/2021 08:47 | Atualizado em 23/10/2023 13:19Nos tempos atuais a preocupação pelas questões sociais vem ganhando grande relevância nas empresas, visto que proporciona um reconhecimento e fortalecimento da organização perante o mundo dos negócios e da comunidade. As organizações estão sendo, cada vez mais, cobradas pela sociedade para agirem em defesa dessas questões, sendo que as empresas mais exigidas são as que se utilizam de recursos naturais para gerar seu produto final.
A contabilidade, por estar envolvida de uma forma intrínseca nesse contexto, tem um papel fundamental, de forma que está sempre procurando ajudar os empresários e os profissionais da área contábil em demonstrar esses pontos. No aspecto social e econômico, a ciência contábil tem ao seu lado a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), a qual é uma maneira de analisar e evidenciar o desempenho econômico e social das empresas.
A Demonstração do Valor Adicionado passou a ser obrigatória no Brasil com a promulgação da Lei n° 11.638/2007, que introduziu alterações à Lei n° 6.404/1976, tornando-a obrigatória, para companhias abertas, sua elaboração e divulgação como parte das demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício. Vale destacar que a DVA não faz parte das demonstrações obrigatórias por parte das normas internacionais de contabilidade.
Nos termos do CPC 09, a DVA representa um dos principais componentes do Balanço Social, e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante determinado período. Tal demonstração foi desenvolvida tendo em vista conceitos macroeconômicos, buscando apresentar, a participação que a entidade tem na constituição do Produto Interno Bruto – PIB, bem como o quanto à entidade consegue agregar de valor aos insumos adquiridos de terceiros e que são vendidos ou consumidos em sua atividade.
Atualmente existem três modelos de DVA. O primeiro modelo é aquele aplicado as empresas comerciais e industriais, o segundo modelo foi desenvolvido exclusivamente para instituições de intermediação financeira, e o terceiro modelo é aplicado em seguradoras. Entretanto, a parte que difere nestes três tipos de modelos é apenas a que se refere a “Formação de Riqueza”.
A DVA em sua primeira parte deve apresentar de forma detalhada a riqueza criada pela entidade. Para as empresas comerciais e industriais os principais componentes da riqueza criada deverão ser apresentados conforme segue:
FORMAÇÃO DA RIQUEZA
- Receitas
a) Venda de mercadorias, produtos e serviços - inclui os valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso bruto ou faturamento bruto, mesmo quando na demonstração do resultado tais tributos estejam fora do cômputo dessas receitas.
b) Outras receitas;
c) Resultado gerado pela constituição ou reversão da Estimativa com perda para créditos de liquidação duvidosa.
- Insumos adquiridos de terceiros
a) Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos, não incluído o gasto com pessoal próprio;
b) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros;
c) Perda e recuperação de valores ativos, inclusive os valores relativos a ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados, investimentos, etc.;
d) Depreciação, amortização e exaustão.
- Valor adicionado recebido em transferência
a) Resultado de equivalência patrimonial, quer seja negativo ou positivo;
b) Receitas financeiras, inclusive as variações cambiais ativas, independentemente de sua origem.
c) Outras receitas - inclui os dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia, etc.
A segunda parte da DVA deve demostrar de forma detalhada como a riqueza adicionada foi distribuída. Vale destacar que essa parte é similar a todos os tipos de atividades. Os principais componentes dessa distribuição deverão ser apresentados conforme segue:
DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA
a) Pessoal, incluído os valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de remuneração direta, benefícios e FGTS;
b) Impostos, taxas e contribuições;
c) Remuneração de capitais de terceiros;
d) Remuneração de capitais próprios.
O estudo das demonstrações contábeis tem o objetivo de auxiliar a tomada de decisões por parte dos gestores da empresa e dos usuários externos, assim podemos utilizar a DVA como uma importante ferramenta de análise das relações da empresa e sociedade. A partir da DVA podemos retirar cocientes que tem a capacidade de medir, por exemplo, a produtividade da mão de obra. Neste caso, o cálculo se daria pela divisão do valor adicionado e o número de empregados, logo, teríamos uma noção de quanto cada empregado produziu em média de riqueza para a empresa. Por fim, ainda devemos lembrar a importância que a Demonstração do Valor Adicionado tem, não só para as empresas, como também para a sociedade, pois esta saberá o valor que está sendo gerado e distribuído pela entidade.
Santina Apoliana Pereira da Silva
Consultora - Área Impostos Federais, Legislação Societária e Contabilidade