Imposto sobre herança pode mudar; saiba o que está em jogo no 2º projeto para regulamentar reforma tributária
Área: Fiscal Publicado em 18/09/2024Imposto sobre herança pode mudar; saiba o que está em jogo no 2º projeto para regulamentar reforma tributária
A Câmara dos Deputados pode votar o segundo projeto de regulamentação da reforma tributária. O texto estabelece as regras de funcionamento do comitê gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) - criado para substituir o ICMS (estadual) e o ISS (municipal) - e prevê imposto sobre herança (ITCMD) para planos de previdência privada.
Trata-se de um colegiado, com representantes de todos os entes federados, que terá como responsabilidade administrar e fiscalizar o IBS.
De acordo com o texto que está nas mãos dos deputados, esse comitê será integrado por um Conselho Superior, órgãos subordinados como a Secretaria Geral e a Corregedoria, além de uma Diretoria Executiva - composta por nove diretorias (sendo que 30% delas deverão ser ocupadas por mulheres).
Composição:
Serão 27 membros, representando cada Estado e o Distrito Federal, indicados pelo chefe do Poder Executivo estadual e distrital.
E outros 27 membros, representando o conjunto dos municípios e do DF, indicados pelos chefes dos Poderes Executivos municipais e distrital.
Esses integrantes exercerão a função por um período de quatro anos.
Consta no projeto ainda que o comitê gestor realizará reuniões obrigatórias a cada 3 meses, podendo convocar reuniões extraordinárias quando necessário.
Heranças
O projeto em discussão na Câmara diz que não será cobrado ITCMD quando os bens forem herdados pelos seguintes beneficiários:
entidades públicas, religiosas, políticas, sindicais e instituições sem fins lucrativos com finalidade de relevância pública e social.
Estabelece ainda que a alíquota máxima a ser cobrada deverá ser fixada pelo Senado e será estabelecida por Estados e Distrito Federal sendo progressiva em razão do valor, legado ou doação.
Além disso, a proposta diz que os grandes patrimônios serão taxados com alíquota máxima, mas deixa a cargo dos Estados regulamentarem o que são esses "grandes patrimônios".
Previdência privada
A proposta de cobrar ITCMD sobre planos de previdência privada complementar - o que inclui PGBL e VGBL - havia sido incluída na minuta prévia do projeto, mas foi retirada a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, devido à repercussão negativa.
No grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), no entanto, a proposta foi restabelecida - mas com limitações.
O texto do relator, deputado Mauro Benevides (PDT-CE), diz que incide ITCMD sobre "aportes financeiros capitalizados sob a forma de planos de previdência privada ou qualquer outra forma ou denominação de aplicação financeira ou investimento, seja qual for a modalidade de garantia".
Mas prevê duas exceções:
Planos securitários, similares a seguros de vida, não serão taxados
Somente planos do tipo VGBL com prazo inferior a cinco anos (contados da data do aporte até a ocorrência do fato gerador) serão taxados
Tramitação acelerada
Os deputados aprovaram o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto. Com isso, fica dispensada a análise em comissões temáticas, e o texto pode ser votado diretamente pelo plenário.
Após a tramitação na Câmara, a proposta terá que passar pelo Senado.
Esse é o segundo projeto de regulamentação. O primeiro trata das regras gerais do novo sistema de tributação sobre o consumo. Foi aprovado em julho pela Câmara dos Deputados e aguarda análise do Senado.
Fonte: Valor Econômico